sexta-feira, 11 de março de 2022

De Buenos Aires a Porto Alegre parte III (Argentina, Uruguai e Brasil)

Booom dia e boaa semana!

Então continuando a saga da viagem que estamos a fazer até Porto Alegre, no estado do Rio Grande do Sul, hoje venho iniciar a semana com as praias do Uruguai! Yeeey

Porém, antes de continuar com as praias queria abordar um tema, mate vs chimarrão. A importância deste tema é que nos é sempre oferecido, seja em boleias, seja em ambiente social quando conversamos ou estamos com alguém que viva entre a Argentina, Uruguai e o estado do Rio Grande do Sul, Brasil.

Mate vs Chimarrão

Pois é! Já muitos ouviram falar que na Argentina e no Uruguai se bebe mate. Mas afinal o que é isto do mate ou do chimarrão. Bom, na verdade o mate não é mais que uma infusão feita a partir da erva-mate e que é já bebida deste tempos beeeem antes dos europeus chegarem à américa do sul. O mate é preparado numa cuia (tigela) e bebido por uma bombilla (espécie de palhinha com furinhos na ponta que entra no mate para filtrar as ervas do chá). A grande diferença entre o mate e o chimarrão, e que o primeiro tem a erva menos moída que o segundo. Ele é colocada na cuia, depois mete-se água quente e dá-se à primeira pessoa para beber. Esta sorve a bebida e repete-se o processo até acabar a água ou todos estarem satisfeitos. Fácil não é?

Parte da Argentina, o Uruguai e no Rio Grande do Sul, Brasil, a cultura predominante é a gaúcha, a par de algumas tribos que ainda subsistem e dos descendentes de colonos alemães, italianos e portugueses. Assim no Rio Grande do Sul bebe-se chimarrão e no resto das terras gaúchas mate. Nunca se nega mate a ninguém e quando estamos satisfeitos de beber o mate que partilham connosco, simplesmente agradecemos e da próxima vez que for o nosso turno de beber já ão nos é oferecido. Leiam aqui um pouco mais se tiverem interesse.
Mate                                                           Chimarrão

Existe ainda uma solução fria que se chama tereré e que é igual ao mate/chimarrão mas frio.

Agora quando passearem por estas bandas já sabem o que levam aquelas senhoras e senhores nas malinhas de cabedal ou porque andam com um termo de água (e não uma baguete) debaixo do braço e uma mão sempre ocupada a segurar um recipiente.

Punta del Este, Punta Rubia e Cabo Polónia

Agora no que concerne à viagem saímos então com ... chuva, outra vez, de Montevidéu, e, por isso, optámos por viajar de autocarro outra vez. Mais uma vez na companhia COT e saímos de manhã em direcção a Jose Ignacio onde iríamos encontrar dois amigos da Cami, a Mika e o Nacho, ambos uruguaios, mas que vivem parte do ano a trabalhar na Itália e outra parte a trabalhar e descansar no Uruguai.

Lá fomos atravessando a paisagem maioritariamente urbana nos arredores de Montevidéu, depois mais verde com eucaliptos e outras árvores mais locais pontuadas por praias. O Uruguai é um vasto campo de cultivo e pastoreio. Campos de vacas a pastar vão-se intercalando com campos cultivados com soja e cereais (milho ou arroz). São assim as grandes produções do Uruguai: leite e seus derivados; carne; soja; milho e arroz. Antes dos europeus lá chegarem já não haviam grandes florestas, mais índios e campos fartos em relva e vegetação rasteira. Depois foram-se matando e isolando os índios para ter acesso a essas terras férteis que eram ocupadas com vacas, ovelhas, cabras e diversos cultivos para alimentar todos estes animais e as pessoas. E assim se foi desenvolvendo a economia que ainda hoje se baseia fortemente nestas actividades fora das cidades.

Mais recentemente e com a descoberta da ida à praia como actividades de férias, começaram a crescer as cidades junto das praias. Uma espécie de algarve lá do sítio onde Punta del Este é a Vilamoura lá da zona. Prédios altos, vivendas, campos de golfe, clubes nocturnos, restaurantes e uma catrefada de coisas caras para se fazerem antes, durante e depois dos mergulhos no mar.

Fiquei muito desapontado com Punta del Este. Já tinha ouvido falar de ser fixe, mas vendo de perto não passa de um aglomerado de habitações (que variam entre o mais e o menos luxuoso, o bonito e o feito), vazias durante grande parte do ano e que se enchem de vida com os citadinos que assim têm uma cidade onde passar as férias não tendo de fugir muito dos supermercados perto de casa, os ares condicionados, os restaurantes com tudo do bom e do melhor. É uma triste sina esta em que se transformam as férias. Não mais que uma extensão do conforto e do que temos em casa. Cada vez se quer descansar mais não pensando, não olhando para dentro, não participando do local. Ao invés, quanto menos se fizer e mais adormecidos estivermos da vida em casa melhor. Assim temos de voltar para a "vida real" no final das férias. Não, a vida está a acontecer sempre, é real e temos de a viver como gostamos de a viver, sempre despertos e não adormecidos!

Enfim, deixando Punta del Este passamos na ponte mais fixe de sempre, uma ponte ondulada que se chama puente leonel Viera ou puente de la barra.

Ponte ondulada (foto da net)
Chegados a Jose Ignacio, ou melhor à entrada desta vilazinha junto ao mar. Conseguimos comunicar com quem nos esperava que ainda não tinha conseguido sair de onde estava em Punta Rubia, pelo que decidimos ir directos até lá e tendo ja perdido o autocarro que seguiu viagem decidimos ir à boleia. O sol abriu e á nos colocámos na estrada de dedo esticado. Mais à frente falo de andar à boleia, por agora foco-me na viagem.

Demorou cerca de 10 minutos mas lá passaram duas argentinas que nos levantaram e deixaram na estrada nacional onde depois de uma hora, mais ou menos, lá passaram dois uruguaios de férias que nos levaram mais uma rapariga argentina até Rocha. Daí formos outra vez à boleia com um surfista e construtor de pranchas de surf até La Paloma, onde nos apanharam dois colegas que trabalhavam num hostel em Punta Rubia onde acabámos por dormir depois de encontrar os nossos amigos.

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