terça-feira, 28 de agosto de 2012

Esta quase :)

Ha praia e ha mar, ha ir e voltar! dizia o poeta. Bem sem poesias e sem magias, a vida corre e passa por nos na expectativa de que nos passemos por ela de forma activa e participativa. Tenho-o feito ao longo destes ultimos anos e em particular nestes 11 meses de descoberta interior e exterior.

Todavia ontem, pela primeira vez de forma sentida, ao ver a procissao passar ao toque da banda na praca central apinhada de gente que aplaudia e via com orgulho as pessoas que passavam pelas pracas e ruas da cidade, com um amigo de sempre e sempre presente, senti um sentimento em mim que nao tinha percebido antes. Com lagrimas a tentar sair pelos olhos e o corpo em extase por tanta energia, senti, saudades de casa. Nao daquela casa onde estao os pais ou amigos e toda a nossa vida. Aquela casa que eh Portugal e que alem destes factores principais inclui ainda as festas de verao nas aldeolas, com as musicas pimba ou nao pimba ao sabor de copos de vinho reles mas que nos enchem a barriga e o espirito acompanhados de sons familiares e amigaveis, hospitaleiros; as praiadas com amigos; os cheiros e sabores tao nossos e que so nos sabemos levar ao mundo; um espirito de saudade e melancolia que facilmente se rasga num sorriso e numa conversa de esquina, Portugalidade universal.

Aquele Portugal onde apesar de crises e desastre somos nos com a nossa identidade e somos nos com os nossos conterraneos. Hoje escuto dois franceses a tocar sons de franca e um pouco europeus, estilo musicas do Yan Tirsen e que tais, e nao posso deixar de sentir orgulho pela portugalidade que tambem eu e todos os viajantes por esse mundo fora espalham, bem como sentir toda a latinidade que existe a minha volta quando caminho pelas ruas, quando vejo a arquitectura e me sinto numa qualquer vila no interior do pais, quando oico o espanhol que nos eh tao proximo, quando falo e as pessoas nos tentam ajudar nos transportes e metem conversa tao ao nosso estilo. Quanto quero continuar a viajar mas sei que tenho de regressar ah origem onde tudo faz sentido. Parti e estou a crescer mas sempre a regressar a quem sou e ah minha heranca cultura e nacional. Sem querer ser patriotico em exagero mas com um espiritio e identidade portugesa agora completada pelo mundo sinto que o tempo de comecar a apontar armas e bagagens a casa chegou.

Sinto-me algo diferente mas nao no que pensava ou os olho com que vejo mundo. Sinto a minha janela mais ampla, mais aberta e mais misturada por todo o lado, mas com um sentido e orientacao do que quero fazer.

Ate ja eh algo estranho de dizer hoje pois encerra em si um misto de inicio e medo. Medo pois eh um regresso a casa depois de um ano fora, inicio pois eh o principo de algo novo, de uma nova etapa. Esta ainda nao terminou, esta proxima de terminar mas indubitavelmente comeco a pensar nesse regresso agora anunciado e que esta para breve e que nao me vai impedir de viver tudo o que tenho ainda de viver e reflectir ...

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

So long San Francisco.

A tear in my thoughts and a smile in my eyes!

Things that remain :D

E é assim que findos 17 dias de ramboia e boa vida termina a minha aventura norte americana! Parto daqui a uma hora do aeroporto de Oakland rumo a Phoenix, de onde voo para Lima, Peru. É portanto o último dia em solo americano (dos estados unidos da américa entenda-se).

Levo comigo São Francisco, não só pela Lauren e pelo mundo dela aqui que conheci e visitei durantes estes dias, mas também pelo que a cidade é. Um misto de tudo polvilhado com o que falta em quase todos os outros lados. A saber, entre gays, lésbicas, exibicionistas, ilusionistas, saudosistas, e muitos mais istas existe uma atmosfera de serenidade, tranquilidade e proximidade incríveis. Bem sei que todos os dias chegam à Europa notícias de mais uns quantos jovens que morreram porque um qualquer cromo meteu na cabeça que é giro andar aos tiros a pessoas numa qualquer escola do interior ou do exterior de um qualquer estado, mas a verdade é que além desta face negra (entre outras que conhecemos dos estados unidos da américa) existem outras que são diametralmente opostas. Falo de ruas cheias de harmonia e sons alegres, falo de convívio entre comunidades e partilha de cultura e arte. Falo de uma oferta cultural e artística como não se vê em muitos lados, falo de praia e vento frio no mesmo sítio, falo do nevoeiro que constantemente assola as montanhas que rodeiam a baía e por vezes descem sobre a cidade. Falo ainda sobre passeios de bicicleta colinas acima ou abaixo, turistas locais e internacionais, lojas para todos os gostos em qualquer canto da cidade, enfim uma "multiversidade" gritante e sentida em cada rosto, cada olhar e cada expressão mais carinhosa para connosco.

Prédios e luz.

São Francisco é tudo isto e muito mais, é uma cidade onde se tratarmos bem dela, trata bem de nós e dá-nos o que precisamos, onde nos faz ou fazem sentir que tudo é possível e tudo pode acontecer! Adoro!

Arte pintada

Grafiti na escola, chamem ... as crianças!

It says all.

 Urban people

New art :)

Part of the exhibition?

Percebo agora porque dizem que a cidade é parecida com Lisboa. Tem praia perto (mesmo que a água aqui seja fria), tem sol quase todos os dias (mesmo que o nevoeiro a cubra de noite), tem colinas (pelo menos mais de 5), tem estória e cultura, tem vida. A única diferença maior que sinto e que me atrai infinitamente deve-se ao facto de a cidade viver essa cultura e vida diariamente com as festas no bairro gay, as festas tradicionais dos bairros mexicanos, ou chilenos, manter a tradição na JapanTown ou ajudar ainda os emigrantes na ChinaTown que floresce com comércio. Ruas e parques rodeados de árvores como em muitos locais de Lisboa e ainda restaurantes italianos que populam a área italiana, etc. Oferecer aos turistas espaços para tirar fotos, percorrer trilhos estóricos de bicicleta ou autocarros ou ainda carros eléctricos (um pouco à semelhança do que se faz em Lisboa penso eu), mas tudo com um sentido de grandiosidade que não é ostensivo e que se mantém sóbrio e honesto, pelo menos é o que senti nas duas vezes que fui a locais mais turísticos. No entanto se se ousar ir para os bairros do interior e procurar a São Francisco dos seus habitantes a surpresa é incrível! :)

Black and white (almost)

Occasional conversations

Dolores Park

Bom o tempo passa e tenho de ir para o avião, um novo capítulo se segue e neste vou ter a companhia de duas pessoas muito especiais para mim. Mais notícias para breve!!!

If you are leaving San Francisco, remember to wear a cape on your back :D ahahah

Artistic :)
Hazta luego :D

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Fotografia mental

Bom dia,

Cá estou eu outra vez com mais notícias do continente americano. Desta feita venho falar do lago Tahoe perto de onde fui acampar no passado fim de semana. Além disto fui à praia e contínuo a andar pelos parques e jardins da cidade a descansar. Ontem ainda fui ao downtown da cidade, basicamente é a zona onde os prédios altos, as lojas chiques e os turistas andam. Todavia não deixo de admirar e ser invadido por um espírito de espanto e alegria por estar no meio dos prédios que antes estavam longe e, há medida que pedalo para me aproximar deles, cruzando avenidas, estradas e prédios de um ou dois andares apenas, agora estão aqui a toda a minha volta, altos, imponentes e únicos. Os grafitis em paredes, casas e ruas é outra coisa que sai de imediato à vista tal é a beleza e a quantidade deste tipo de arte pela cidade.

A arte apenas como arte ...

É assim o dia em São Francisco, pedala-se a bicicleta ou conduz-se um carro até ao local de trabalho, onde as pausas para cafés ou almoços são feitas em bares e restaurantes  todos personalizados e o pós trabalho é feito em casa com amigos, ou num qualquer bar ou local de descontracção. Já os fins de semana são passados no parque ou na praia a aproveitar o sol quente que se faz sentir e mantém o constante vento frio sem ser sentido. Mesmo assim quando o sol se põe ou quando começa a escurecer, um casaco, umas luvas e por vezes um gorro são indispensáveis para andar na rua ou nas sombras ...

História americana em grafiti.

Pausa artística.

Bom chega de descrições e deixo-vos aqui as imagens de um fim de semana incrível nas montanhas a caminhar e a nadar em lagos de água transparente e com uma companhia algazarra para haver farra da grande!!! A altura é perto dos dois mil metros se não estou em erro, mas aqui tudo vem em miles e pounds o que coloca alguma dificuldade para perceber as medidas, mas com boa vontade e alguma matemática lá se dá a volta ao assunto. De resto foi aproveitar a natureza no seu melhor: pinheiros gigantes que lançam no ar o seu perfume e nos fazem limpar os pulmões; águas tão claras que nem se vêm e um céu limpo que nos fazem querer nadar horas a fio e apenas o frio que por vezes se faz sentir devido às aragens frescas da montanha trazem algum incómodo; trilhos, falésias e colinas de cortar a respiração; sol durante o dia, chuva à noite, fogueiras, piadas e sorrisos pelo fim de semana adentro; enfim uma excelente dicotomia ente a lua e o sol!

Arte nocturna: Luzes faciais.

 Arte nocturna: Corações on fire.

Vista de um dos mais de 700 lagos que existem nesta zona.

Vista do lago onde montámos o acampamento.

Só um pequeno grande aparte no texto, porque ontem foram os anos da minha avó materna e antes de ontem do meu irmão, por isso lá houve telefonemas via skype para casa e conversas em família bem fofas! PARABÉNS aos dois :D

E pronto despeço-me com a imagem de baixo que é o reflexo das misturas da cidade e que penso capturar tudo numa simples imagem: língua espanhola; arte; americanos; divisões e desenvolvimento; sonhos e pesadelos. Fica para vocês interpretarem o resto, deixo apenas esta grande fotografia ao longo do texto para poderem recriar em cada um uma cidade de sonhos, sol e socialmente aceitável :)

Misturas adiadas.

Adios :D

sábado, 4 de agosto de 2012

San Francisco, novo (velho) mundo.

Olá, como estan?

Na televisão passam os jogos olímpicos quase em semi-directo! Isto porque com o fuso horário é impossível seguir tudo in loco. Cá por casa houve alguma desilusão ontem, não por o Phelps ter ganho a quinquagésima medalha nuns jogos olímpicos (na verdade foi a vigésima primeira), mas por todos quererem ver a ginástica ao vivo e não ter sido possível pois só mostraram à noite quando já se sabia quem venceu ...

Estou em São Francisco e estou para ficar mais duas semanas. Encontro-me em casa da Lauren a viver com os seus companheiros de casa que são fantásticos e caricatos. Vivem aqui um gay, uma lésbica, um casal com uma rapariga e um rapaz, a Lauren e eu, numa casa que fica no bairro da Missão que é um bairro onde a língua predominante é o espanhol, a seguir ao espanhol que ocupa também o segundo lugar no pódio à frente do inglês. Nesta curta estadia que ainda aqui passei já deu para perceber que a casa e o bairro são a imagem do que é São Francisco. Por outras palavras a mistura entre culturas, géneros e a livre sexualidade que se experimenta neste local é incrível. Tenho percorrido os parques da cidade a aproveitar o sol e os dias soalheiros que por aqui permitem pedalar com a bicicleta pelas ruas onde o espanhol se ouve em cada esquina, em cada loja ou lavandaria exactamente igual às dos filmes. Uma aragem fria mas que sabe bem enquanto procuro o meu caminho e que o sol se encarrega de não fazer sentir muito ao aquecer-nos. Permite ainda sentir um cheiro distinto a canábis no ar, canábis que se encontra em todo o lado. De resto a casa é incrível. Com o seu estilo típico de São Francisco tanto no interior com os quartos estilo vitoriano no interior e no exterior em madeira e janelas saídas, a decoração feita por todos os que cá vivem é uma mescla de criatividade, arte e harmonia em cada canto e em canda sorriso e conversa. 

O ambiente é criado não só pelos habitantes da casa mas também pelos amigos que por cá vão passando e ficam uma noite ou mais e criam uma atmosfera fantástica de se viver. Comidas, conversas, gargalhadas, segredos, enfim uma panóplia de momentos e pessoas que se complementam e vivem constantemente em harmonia. Gosto! A rapariga que gosta de raparigas é super acelerada e é actriz. Está por cá a fazer uma peça e por isso de manhã está a ler o guião e à tarde tem ensaios, todavia conversar com ela é hilariante e interessante, todos os temas são exacerbados e com um conteúdo de comicidade enorme enquanto fala a um ritmo digno de medalha olímpica! O rapaz que gosta de rapazes é mais tímido e reservado, é o residente mais antigo da casa e que decide sobre assuntos como a renda e quem vem ou fica. Todos têm uma palavra mas a dele é a final. Trabalha a realizar serviços de catering numa universidade e ainda não tive muitas oportunidades de conversar com ele. Depois o casal com o rapaz que vive com a rapariga é bastante extrovertido e criativo. Desde conversas, palhaçadas até estarem a formar uma companhia juntos funcionam a compasso e com uma energia incrível. Ele é engenheiro de software e vai fazendo uns sites e outras coisas para ganhar mais umas coroas enquanto agora se foca na empresa que estão a criar em conjunto e ela trabalha numa organização de protecção do ambiente. Ainda os estou a conhecer a todos e aos amigos da Lauren e deles que por cá vão passando e espalhando o seu charme e cores. Por agora todos falam do Burning Man que vai ocorrer perto do final de Agosto e é um festival de verão no meio do deserto onde durante uma semana todos se vestem com roupas e vestimentas totalmente criadas ou aleatórias e onde a música e artes de artistas menos conhecidos não param durante o dia para ajudar a canábis e/ou álcool a sortirem mais efeito.

Quanto ao choque cultural por enquanto é nulo, talvez pela cidade ser composta por tanta diversidade como se encontra ao viajar por este mundo fora! Todavia beber água da torneira ou não estar suado o dia todo, utilizar uma faca para cortar a comida, entre outras coisas são algo que me fascinam e que a em breve me reabituo com certeza. 

E pronto, por enquanto é isto, a vida São Franciscana que tenho vivido nestes primeiros dias do mês e que têm sido de descanso, recuperação dos voos, sentir a cidade e os seus habitantes e conhecer mais estas pessoas extraordinárias com quem partilho esta casa no bairro mais sul ou centro americano da cidade. Conversas, momentos e vidas que por aqui descorem sem dúvidas ou repressões!