terça-feira, 29 de janeiro de 2019

De Buenos Aires a Porto Alegre Parte II (Argentina, Uruguai e Brasil)

Hooolaaa!!!

E ahi cumpis? No post anterior fiquei-me pelo relato de Buenos Aires e a travessia para Colonia del Sacramento, já no Uruguai!


Uruguai

Esta foi a minha primeira visita ao país onde o gado, a soja, a Cumparsita, o Galeano e o Mujica são hoje conhecidos a nível mundial e local 😀

Foi um regresso da Cami ao Uruguai e a minha primeira visita a um país que neste momento é o menos corrupto e o mais politicamente estável na América do Sul. Lá, sem mensalões; onde os militares não são vistos como antidemocráticos como noutros países (apesar da ditadura militar que o país enfrentou nos anos 70/80); a esquerda segue sem ser corrompida; a turbulência inicial, após a sua formação como país é apenas uma memória longínqua, a vida política segue tranquilamente o seu rumo, à esquerda, mas com probabilidade, alta (pela primeira vez em 15 anos), de virar à direita.

As causas desta virada são o aumento do custo de vida e da criminalidade. Cerca de metade da população vive me Montevidéu (a capital) e o resto no campo (ao redor). Existe por isso um aglomerar de pessoas numa grande metrópole sul americana e, claro, o aumento da criminalidade é apenas um dos aspectos visíveis. A poluição, os problemas de água, a crispação com quem vive no campo, o aumento do preço dos combustíveis, dos bens alimentares e alojamento estão entre as principais razões de queixa do povo uruguaio.

Isto tudo no país do José Mujica, ou Pepe Mujica, para os amigos que apesar do seu passado de guerrilheiro conseguiu chegar ao poder devido ao carisma, abertura e honestidade para consigo mesmo e o seu estilo de vida e crenças políticas, éticas e sociais. Para quem quiser saber um pouco mais sobre este velho progressista e raro exemplo de lucidez entre os políticos actuais, deixo aqui uma recomendação de um livro muito bom, "Uma ovelha negra ao poder".


Enfim, viajar traz estas coisas boas, como andar à boleia, comer local e conviver muito com as pessoas do dia-a-dia, de várias profissões, zonas do pais e áreas e permite construir uma ideia e uma imagem do que é esse dia-a-dia muito mais próxima do que ele realmente é. 

Colonia del Sacramento

Fundada pelos portugueses para controlar o fluxo de prata e gado que se começava a espalhar pelo Uruguai no século XVII (google it) e desta forma reclamar para si dos espanhóis esta região imensamente rica em ... potenciais pastos. A cidade trocou de mãos várias vezes durante os séculos seguintes até ser definitivamente uruguaia aquando da proclamação da criação e independência do país. Hoje é um dos principais pontos turísticos onde os argentinos e outros param na viagem para Punta del Este ou outras zonas de praia ao longo da extensa costa uruguaia.

Ao deambular pelas ruas da cidade e depois de sairmos do barco, tendo trocado dinheiro pelo caminho (recomendamos que o façam na avenida principal que dá acesso ao centro histórico da cidade onde o câmbio é melhor), cerca de 10 minutos a pé deixaram-nos no centro da cidade onde logo nos apercebemos que o custo das coisas era bastante mais elevado que na Argentina, e no Brasil, e nos outros países sul americanos por onde andámos (quase todos).

Mas bom, as ruas empedradas como uma aldeia histórica portuguesa, as ruínas da igreja e fortificações que lá construímos e a rua de Portugal a meio de algo arquitectonicamente mais diferente de nós deram um ar um tanto ou quanto melancólico e confuso ao sítio. Não sei bem explicar, talvez pela chuva, era como se esperasse ver um mosteiro dos Jerónimos e encontrei uma catedral ortodoxa. Saliento a rua dos suspiros onde, supostamente teriam edifícios de traça portuguesa e talvez o tenham sido há muitos séculos atrás, apenas restam as histórias dos suspiros que os marinheiros davam nos bordéis da rua e que dão assim o nome à mesma.

Rua de Portugal


Rua no centro histórico                  Nós na rua de Portugal

Daí, e por estar a chover, caminhámos pelas ruas e avenidas com frondosas árvores (nisso não nos podemos queixar, é extremamente verde a cidade) até um café, o La Despensa, que recomendamos a ida pela excelente comida. Não é um restaurante mas tem sopas e sandes a par de empanadas e bolos, sucos e chás muito bons.

Não nos demoramos muito e fizémos de autocarro as 3 horas até Montevidéu, isto de andar de boleia à chuva tem muito que se diga e guardamos essa carta para depois. As companhias são variadas e utilizámos a companhia COT que nos pareceu das melhores em relação preço/qualidade e de facto foi.

Montevidéu

Segundo o Jorgito, da Curioso free walking tour, que É UM MUST DO para saber mais sobre a história do Uruguai e da cidade num ambiente mega divertido, informal e com informação muito completa, ficámos a saber locais onde ir comer, sair, beber, encontrar a coisa mais estranha, como a erva abuelita, (erva é o chá para o mate e não é erva do tipo marijuana) que é composta com marijuana (devido à liberalização de produção e venda da mesma) e até sobre o mistério das filas a certos dias da semana para ir à farmácia (sim para comprar agora sim, a erva que se fuma).

 
            Erva Abuelita                                          Foto de grupo da walking tour

Já agora Montevidéu vem de ser o Monte número VI De Este a Oeste quando se navegava entrando pelo mar da plata adentro em direcção ao rio. É verdade, ou não, mas várias fontes o atestam e parece-me uma boa história para o nome da cidade que foi fundada pelos espanhóis em resposta à fundação da cidade de Colonia pelos portugueses (não nos chegava brigar aqui também tínhamos de o fazer lá, imperialismo vá-se lá saber🙈🙉🙊).

O mais importante de salientar desta cidade foram mesmo as pessoas. Mantêm o seu sotaque semelhante ao argentino (top) e são muito hospitaleiras. Os donos de um café onde têm de ir, o Barra 7, apesar de terem sido assaltados uns dias antes, estarem a instalar câmaras e fechados, abriram só para não nos deixar sem comer quando nos viram lá à porta a ver o que se passava lá dentro (o google não disse que estavam fechados para férias). A simpatia, o querer saber sobre nós, a boa disposição são de facto características gerais aos uruguaios. 

                     Fonte na Praça da Constituição ou Praça Matriz                    Catedral de Montevidéu

Mais locais para comer, entre os amantes da carne são o mercado del puerto e o bar 36. Além do assado, o prato nacional é o chivito (uma es espécie de francesinha lá da zona) que em qualquer lugar é bom segundo consta. Experimentamos o vegetariano no bar 36 e era imenso e bom. O original com carne dizem não provámos mas aqui podem saber mais. 

Restaurante no Mercado del Puerto

Para comida vegetariana gostámos muito da comida e simpatia da dona do Hotei Fó.

Finalmente, e seguindo este novo amor pela escalar, fomos conhecer o Pablo (emigrante venezuelano que veio estudar e assim alimenta a sua paixão pela escalada) e o seu projecto que é o ginásio de escalada MBC Montevideo bolder club e onde recomendamos a que vão porque ele é muito disponível, escala imenso, dá bastantes dicas e podem ainda apoiar esta iniciativa incrível.

Ah, claro, para os amantes da banda desenhada (eu gosto) recomendo Club del comic, vale a pena dar uma espreitadela e para ler na livraria Moebius têm um livreiro cheio de ideias e conhecimento sobre o que estão à procura 😆

Para uma noite de tangos e milongas podem ir quase todos os dias ao mercado de la abundancia (piso de cima) e ficar com os mais velhos ou directamente à plaza Seregni (às quartas-feiras) onde se juntam a malta mais nova a noite toda a dançar e tem aulas grátis.

Arte Urbana

Transportes públicos, aka autocarro em Montevidéu são pagos ao condutor e facilmente decifráveis tanto nos letreiros como nas paragens de autocarro. Mais info aqui.

Conclusão

Hoje viajámos de Colonia del Sacramento a Montevidéu, no próximo post vêm as praias, o Mate VS Chimarrão e a chegada ao Brasil e Porto Alegre.

                        Arte Urbana                               Parque Godó                 

Espero que tenham gostado! Até breve e vamos que vamos!

😊🙏



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