segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Uma fenix renasceu


Hoje de manha acordei de uma noite mal dormida tal era a fogueira de pensamentos que ardia no meu cerebro! Cada vez que fechava os olhos ideias e mais ideias, discursos, argumentos, conversas, enfim imensas coisas, afloriam a minha mente, como uma nascente selvagem que rompe a rocha a procura da superficie e poder assim derramar-se e cumprimentar o dia e a noite em cima.

Ja antes me tinha apercebido que num lugar calmo e em paz consigo pensar e reflectir melhor, mas nunca me tinha acontecido uma tao intensa espiral ascendente de informacao.

Posto que nada dormi durante a noite, acabei por adormecer de manha quando era suposto acordar, pelo que estou neste momento com cerca de 3 horas de atraso em relacao ao meu plano inicial, de qualquer das formas o que vou aprendendo aqui na India e que nao e a toa que chamam a esta terra um continente, tal e a diversidade e a pluralidade de culturas e gentes que por ca habitam. Tenho lido sobre a historia da India e percebo que o pais esta em constante mudanca, sao cerca de 2.500.000.000 habitantes e como tal tem de trabalhar, comer, mover-se de um lado para o outro e esta aqui a justificao do caos que se vive nas cidades e vilas e o porque tambem de haver pessoas em todo o lado de sobra ... e incrivel como quando chegamos a um lugar calmo notamos tao profundamente a mudanca pois ela esta instalada silenciosamente em toda a nossa a volta!

Portanto planos aqui sao complicados a nao ser que tenhamos uma ideia muito concreta do que queremos fazer, mas se a ideia e viver a India entao temos de a deixar vir ao nosso encontro ... e deleitar-nos e demorar-nos, enquanto isso fizer sentido claro esta, nas pessoas e oportunidades que nos sao oferecidas!

Ha contudo, pelo menos uma, incongruencia geral que aqui encontro, nas religioes orientais e no hinduismo em particular, diz-se que a natureza e nossa mae, por oposicao as religioes ocidentais em que a natureza e dada por deus aos humanos para a aproveirarem. A minha questao prende-se com o porque de mesmo assim, com esta filosofia, tanto lixo ser deitao nas ruas e valetas, uma questao a investigar ... 

Bom, acordei, estava eu a dizer, tomei uma banhoca, fiz-me a estrada. Um ultimo olhar sobre os Himalaias com um mutuo desejo presente de nos voltarmos a encontrar daqui a umas semanas. Parcas despedidas do casal que me alojou e fiz o caminho de todos os dias que hoje pareceu tao natural como respirar! Namaskar para aqui, good morning para acola, os gritos e risos das crianca estao guardados nas salas de aula e as raparigas mais velhas e mulheres carregam agua para as suas respectivas casas. Os homens ajudam e tratam das parcas quintas de autosubsistencia, enquanto um ou outro viajante se espreguica ao sol, ainda a meio gas, matinal. La em baixo, nos vales, a neblina lava a cara aos socalcos e varre as impurezas restantes da noite. A lua submete-se a vontade do sol e esvai-se ritmadamente no horizonte longinquo, tudo cheira bem, tudo permanece igual, apenas eu passo como tantos outros antes e depois de mim por aqui passaram ou vao passar. Uma vaca olha-me e urina como se nada fosse, um pastor la longe corre atras das cabras que lhe fogem e uma rapariguinha passa com o pai a caminho da  escola, sem parar olha para tras e faz um sorriso de orelha a orelha que ja me preencheu o dia e valeu mais por todos os bons dias e Namastes existentes.


Quero dizer-vos ainda que esta viagem e comum por isso escrevo este blogue e como tal ha palavras e expressoes que aqui coloco mas nem sempre as explico, ou digo o seu significado, por um lado para gerar discussao por outro para voces tambem procurarem e assim viajarem mais profundamente comigo :)

Ate mais logo, vou a correr apanhar o autocarro e rezar para ter comboio hoje para Delhi de onde se segue o Rajastao e, espero eu, o capitulo final da luta contra esta constipacao que nao me esta a largar facilmente ...

1 comentário:

  1. O que dizes neste post não me é completamente estranho.
    Acabas por não ter nada do habitual que te distraia.
    Tudo é novo, todas as imagens, os cheiros, as texturas e isso faz despertar o pensamento de uma forma que não é usual. Raras são as vezes em que se consegue reflectir, ter uma introspecção real e ter consciência disso mesmo. Acho que se confunde muitas vezes com a inspiração.

    Muitas vezes isso acontece quando estamos mais tristes. Ainda não consegui entender muito bem porquê. No entanto fazer o mesmo quando se está nas circunstâncias em que te encontras, parece-me uma experiência muito interessante e única.

    Uma viagem além de exterior, interior.

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