quinta-feira, 28 de junho de 2012

Notícias de cá e de lá.

Bom, passados uns dias cheios de aventuras e estórias que aqui não vou poder contar, estou de volta a um velho amigo, um velho país, uma velha civilização fruto da mistura de muitas outras. Mas isso é para depois ... Agora venho contar como foram os dias em Hói An, Ho Chi Min (Saigão), Phnom Phen e Siam Reap.

Começo por Hói An onde fiquei cerca de 4 dias. Basicamente foram dias de praia e descanso, viagens pela costa do Vietname que é linda e conhecer pessoas com as suas estórias fantásticas. Comer comida vietnamita, ver o jogo de Portugal rodeado de vietnamitas que a cada suspiro, remate ou passe do Ronaldo olhavam para mim e observavam a minha reacção! Adorei. Conheci ainda um casal de portugueses que vivem nesta cidade há cerca de 10 meses e que têm viajado pelo mundo a viver em vários sítios, sejam 6 meses, um ano ou mais tempo. De resto a cidade é bem catita com o seu centro histórico perto do rio que ainda hoje é usado como via principal de transporte de bens, pessoas e tudo o que se queira levar seja ao longo da costa ou para o interior do país. É incrível a importância dos rios no Vietname, pois são mesmo as estradas do país, entre localidades próximas desses mesmos rios ou zonas mais interiores. As casas são uma mistura entre o estilo europeu e o estilo vietnamita sempre com influências chinesas. As vestes tradicionais vietnamitas das raparigas com os seus longos cabelos trançados, os sorrisos de homens e mulheres, os chapéus ponteagudos, a comida, o calor, a humidade, o vento, os cheiros do mercado a fruta e gente que trabalha arduamente a transportar artigos ou espera calmamente por um cliente enquanto conversa com o vizinho do lado que vende a mesma ou outra coisa. As velhas que vendem à noite velas para os casais ou crentes colocarem os seus desejos e sonhos enquanto observam a vela a flutuar ao sabor da corrente e desaparecer no escuro da noite quando o pavio chega ao final ou quando a água finalmente quebra a caixa de papelão que a protege das águas escuras e poluídas. Enfim é uma cidade pacata que vale a pena visitar e onde se faz vida de praia com alguma história em redor.

Hanói: Ponte Japonesa

Cu dai beach, Hanói: Praia para todos.

Tudo igual no Vietname!

Passei a seguir por Saigão, ou a cidade de Ho Chi Min (Uncle Ho como é chamado no Vietname). Esta cidade é maior que Hanói, mais ou menos tão confusa e caótica mas aqui as motos dão lugar aos carros e as árvores que populam as ruas estreitas desaparecem. Os próprios jardins são menos e o número de pessoas que praticam actividades desportivas diminui de forma exponencial. Fiquei hospedado no hostel Lofi Inn cujas informações podem ver no facebook e onde fui muito bem acolhido pelo staff que foi bastante prestável e amigável. O hostel fica perto do centro da cidade e é um local confortável para descansar e planear as visitas aos vários monumentos ou passeios a fazer nesta cidade. Apenas estive um dia e meio nesta cidade e não deu para a viver como Hanói, mas visitei o museu dos Restos da Guerra e foi uma experiência incrível! Deu para perceber as atrocidades cometidas pelos dois lados através das vozes silenciosas de mil fotografias que foto-jornalistas de ambos os lados tiraram antes de morrer num acidente de helicóptero ou numa emboscada fatal. Desde experiências com gases, até ao lucro infinito das empresas de armas, à destruição de infraestruturas e da terra vietnamita, tudo valia para manter a liberdade ou conseguir a independência. Os Estados Unidos lutaram pelo maior nada da história pois apenas os interesses económicos justificam a guerra que foi levada a cabo com consequências desastrosas para ambos os lados. Ironicamente, os números que tanto interessam às corporações, traduzidos sobre a forma de lucro, pouco ou nada interessam quando se traduzem em seres humanso mortos. Mais ironicamente se observa a forma como os governos ainda hoje, e recorrendo às mesmas leituras de números, justificam as guerras que fazem em nomes de princípios vazios e cada vez com menos significado. Viva a ilusão da democracia Europeus, quando acordarmos, se não for tarde, espero que haja tempo para fazer algo ... Basicamente estes e outros pensamente proporcionaram uma tarde de discussão com os companheiros que conheci e que viajaram estes dois dias comigo por Saigão. Discussão sobre educação, sobre sociedades, sobre o mundo do desenvolvimento e o próprio conceito de desenvolvimento. Perdurou a conclusão de que se queremos mudar algo temos de mudar com acções e pôr as mãos ao trabalho, o famoso "meter as mãos na massa" pois ninguém o fará por nós ou o que existe, nalguns casos, está envolvo em ventos de controvérsia. Enfim, estamos mais conscientes e mais atentos.

Ecos, ecos do presente vividos no passado reflectidos no futuro.

Estamos sempre às costas de gigantes!

 Um sorriso e uma flor!

Seguiu-se Phnom Phen, a capital do Cambodja que é caótica e poluída, é um pouco mais do mesmo comparativamente ao sul do Vietname, apenas aqui passei um dia e pouco ou nada vi a não ser os templos e os palácios reais a partir do exterior, que ostentam riqueza ao invés do resto dos edifícios que os rodeiam. Deixo para o final Siam Reap de onde fui para Angkor Wat onde visitei o famoso complexo de templos que são deveras fascinantes mas que a partir do terceiro são repetições. Todavia cada templo é ainda uma sombra imponente do seu esplendoroso passado. As estátuas falam com o vento e produzem melodias que apenas no silêncio do ouvir se sentem ecoar pela nossa alma. É uma música triste ou feliz, consoante o estado de espírito que o ouvinte tiver. É um sentir de vida, sonhos, história, passado e presente misturados na selva e que com ela crescem para sempre interligados num futuro comum! É Angkor Wat no seu esplendor máximo. Pedra sobre pedra, esculpturas, imagens e gente que se passeia por esta cidade ancestral contribuem para a magia de um espaço que apenas vive no significado e importância do tempo e da mente de quem o visita.

Angkor wat: peregrinações.

Entrelaçados, uma estória intemporal.

Esculpidas para durar, para mostrar ...

Buda

Sorrisos sui generis :P

Beijos de pedra, quentes como o sol os aquece :)


Deixo uma última nota sobre o sistema de estradas que nestes países é horrível o que provoca viagens que na Europa são feitas em uma hora demorarem cerca de meio dia ou algo que o valha. À excepção da Tailândia esta informação confere com os outros três países: Cambodja, Laos e Vietname. Passei dois meses mais ou menos em grande no Sudoeste asiático e venho de lá apaixonado pelas pessoas que, sem dúvida, de vidas complicadas fazem ainda um esforço para estar connosco. Por vezes com interesses económicos por vezes apenas por que sim, mas em qualquer dos casos perdura uma honestidade e uma vontade incríveis de contacto que se manifesta em sorrisos, olhares e ajudas em qualquer situação. Esta foi a minha experiência do Sudoeste Asiático e foi maravilhosa, quanto aos outros não posso falar, mas espero que mais gente viaje por estes lados para ter a sua experiência. Aproveitem o Laos enquanto é o Laos, pois é uma questão de tempo até as indústrias do turismo tomarem conta do natural e do belo que este país é e o transformarem em  apenas mais um local turístico ...

Na próxima entrada trago-vos notícias do local onde me encontro e que está a ser um maravilhoso reencontro!

Ah estou a realizar uma viagem sensorial por isso é normal que o blogue não vá sendo actualizado tão regularmente nestas próximas semanas. Vou fazer um esforço para o conseguir todavia. Obrigado pela compreensão e pela paciência enquanto leem o mundo através destas linhas. Peço-vos que se lembrem sempre do seguinte: cada experiência é uma experiência e como tal o que um vive não quer dizer que seja o que o outro vai viver! Atentos e espírito positivo e de certeza que vai correr tudo bem ;)

Até logo :) 


quarta-feira, 13 de junho de 2012

Hanói, para sempre Hanói!

Mais um quarto de hotel, desta feita custa apenas 6 dólares americanos (portanto dos Estados Unidos da América e não de Singapura, Hong Kong, Nova Zelândia ou outro qualquer país onde o dólar seja a moeda) sem pequeno almoço. É um negócio mais ou menos bom pois o quarto é minúsculo e a casa de banho é estilo asiático, portanto sem pia, bidé, lavatório, na verdade apenas um chuveiro que tenho de ter cuidado a tomar banho para não meter os pés por acidente ou azar dentro da pia estilo asiática (um buraco rodeado de cerâmica) no chão. Estou em Hói An mais perto do sul, a cerca de 780 km de Hanói de onde sai há três dias. Esta é uma pequena pacata vila, o que não é difícil pois comparada com o caos e confusão de Hanói, qualquer cidade ou vila é o céu na terra. Vale a praia que é deveras fantástica e o centro antigo da cidade que além de muito sui generis é bem interessante e caracterizado!

Cu Dai beach sunset.

Mas bom esta entrada prende-se com a minha despedida de Hanói e não com Hói An. Apanhei o comboio às 6h15 da manhã há três dias atrás e no trajecto que fiz na parte de trás de uma taxi-moto, pude ter a melhor despedida de sempre de Hanói. Passo a explicar. A cidade de Hanói durante o dia pertence às pessoas, às motos, à confusão, mas, durante a noite e madrugada, pertence ... aos pássaros. É verdade. Existe esta tradição de ter pássaros, dos mais aos menos exóticos, em pequenas gaiolas de madeira todas ornamentadas e penduradas em cabos eléctricos, varandas, árvores, ou simplesmente colocadas sobre uma mesa. O efeito que isto cria é um palrar constante que durante o dia é imperceptível mas durante as madrugadas e um pouco à noite se ouvem perfeitamente dando a esta cidade o remate final no contraste diário entre divino e mundano, etéreo e infinito, paz e caos, enfim tudo o que aqui quiserem colocar funciona. Portanto ia eu com esta sinfonia nos meus ouvidos, o senhor da moto a fumar e a conduzir a moto, as famílias já se encontravam na rua a jogar badmington, andar de skate ou bicicleta, jogar futevólei, correr ou simplesmente andar ou correr à volta dos lagos e jardins da cidade. Sem caos nem pressa, apenas uma ou outra moto andavam a transportar escadotes, sofás, etc; sem vendedores ambulantes; sem carros desgovernados ou buzinões tão constantes, enfim paz escrita em todas as ruas, ruelas, casas e no sorriso matinal de todas e cada uma das pessoas que cruzei!

Gaiolas e gaiolados 1

Lunch time :)

Descansando sobre a vida.

Gaiolas e gaiolados 2

Entrelaçados, sempre!

Gaiolas e gaiolados 3

Lago central de Hanói

Pevides de girassol.

Cafés de rua de Hanói o local do descanso

Escrever, fumar, café e uma conversa.

Cozinha Hanoiense.

Ontem foram os Santos em Lisboa (aaah únicos Santos até hoje que passei fora de Lisboa) e liguei aos meus amigos que estavam reunidos em casa de uma grande (apesar de pequena em altura) amiga em Alfama a celebrar. Sorrisos, traços, alegria, convívio e festa que é o que se quer. Foi bom, muito bom mesmo e deu para matar muuuuuitas saudades e um lado cómico. Principalmente pelo caos numa casa já de si pequena e agora sobrelotada. Parecia Hanói em hora de ponta, com pessoas a aparecerem de todos os lados do ecrã, tal como as motos por esta cidade, e quando menos se espera alguém aparece com a cabeça vinda da parte de baixo do ecrã, delicioso ahahahah ainda me estou a rir só de pensar. Também há uns dias vi o jogo de Portugal pela primeira vez no estrangeiro e hoje vou ver o segundo. Rodeado de Vietnamitas e alguns estrangeiros que não têm equipa favorita nestes jogos pois são de outras nacionalidades que não a dos países em confronto directo no jogo. Está a ser uma experiência interessante só faltam os jogadores portugueses jogarem para ganhar durante o jogo todo e proporcionar além de um bom espectáculo uma boa festa depois de cada jogo ahahah Por aqui os vietnamitas comem futebol, a toda a hora antes e durante os jogos estão a ver ... jogos de futebol do Euro 2012 é incrível. Quase que tudo para e bom ao menos não é durante o dia os jogos em directo, o horário aqui é ou às 23h00 ou às 1h45 da madrugada bem bom e proporciona situações como ver um jogo em directo que está a decorrer na Europa a um sábado e aqui na madrugada de domingo :)

Até já :P

E com isto vos deixo para mais um dia de praia aqui, mais um dia de ressaca ai, mais um dia de alegre pantominice pelo mundo nos dois lados ... :)

CARREEEEGAAAA PORTUGAL :D

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Hanói

Bom estou de volta!

E que volta :D

Jantei comigo hoje, calmamente comi a minha sopa de dummplings de porco, colher após colher, enquanto bebia uma cerveja Hanoi e via a vida que decorria à minha volta. Sentado na minha cadeira de plástico modelo infantil, na minha mesa de plástico modelo infantil, observava todos os adultos que tomavam conta das suas crianças, ou, não as tendo, apenas conversavam enquanto todos comiam o seu jantar e bebiam ou a sua cerveja ou o seu chá gelado que se encontrava sobre as suas mesas de plástico modelo infantil enquanto estavam sentados nas suas cadeiras de plástico modelo infantil.

Momentos de reflexão e relaxamento.

Família alegre.

Pausa para almoço.

É uma vida mais calma a da noite do que a do dia, mas sem dúvida também aqui dinâmica. As motas são em menor número, os passeios são transitáveis por peões que não têm de se aventurar nas estradas enquanto as motos ocupam o seu lugar no parque em que o passeio se transforma durante o dia. A vida aqui decorre sobre duas rodas, tudo se move (quase tudo) ou é transportado em cima de uma qualquer moto. O ar é mais fresco por contraste com o calor e humidade que se fazem sentir durante o dia, ainda bem que o sol apenas espreita por entre as nuvens se não seria a morte por sufoco e desidratação da cidade. De resto as raparigas arranjam-se para jantar e andam em calções curtos mas fashion ou com vestidos mais ou menos reveladores de acordo com as últimas modas nacionais ou internacionais, ainda não percebi pois não tenho acompanhado muito este capítulo da vida mundana. Certo é que já são lindas e assim arranjadas ainda mais o ficam. As vendedoras ambulantes que por aqui existem como pragas, à noite recolhem a casa e o caos que se sente durante o dia e que pode ser algo entre o sufocante ou o enebriante desaparece durante a noite dando lugar a uma calma que só em alguns locais, como os fantásticos jardins que aqui existem, se pode encontrar durante o dia. As árvores que pintam todas as ruas de verde intercaladas com as cores e estilos arquitectónicos dos prédios e ainda os barbeiros de rua, os taxistas de moto, tudo é uma explosão de vida, cores e sons à nossa volta ao andarmos por aqui ...

Carregar a casa às costas não é só para as tartarugas ou caracóis.

Fruta? 

Dia-a-dia sorridente.

Visita ao templo.

Quebrar as regras por bons motivos durante a visita escolar ...

Charme de Hanói (parte 1)

Jardins e fairy tales!

Fotografias com estória :)

Belo abacaxi e belo sorriso.

Conversas de rua (A)

Passar o tempo entre vendas.

Cortar o cabelo é quase para qualquer um e uma experiência única.

Conversas de rua (B)


O Vietname é um país comunista onde os símbolos de tal ideologia estão visíveis em vários sítios segundo me contam. Apenas conheço Hanói e por aqui podemos ver estátuas to Tio Ho Chi Min ou do Tio Lenin; várias bandeiras vermelhas com a estrela amarela comunista; os uniformes dos militares ou polícias evocam os tempos em que o uniforme único era moda pelas bandas orientais; enfim entre outras coisas estas são talvez as mais sonantes. Todavia podemos andar por todo o lado sem medos ou receios do que quer que seja e isso já é um grande factor para nos sentirmos bem. Outro factor é o facto de a cidade nos trazer o que precisamos.

                        Ele deixou fotografar :)                        Mausoléu do dirigente Ho Chi Min

Como disse isto aqui é caótico durante o dia, mas em cada esquina, em cada rua, em cada moto ou loja/restaurante, seja onde for, há um sorriso, um olá, um movimento de olhos que nos acolhe e dá paz no meio de tanta confusão. É fantástico como se pode sentir a energia e a vibração da cidade ecoar por nós sem criar qualquer tipo de receio, pelo contrário, por exemplo atravessar aqui uma rua é uma aventura tão intensa em adrenalina ou fantasia que qualquer receio ou dúvida não têm margem para subsistir! Assim entre melancolia ou tristeza, alegria ou êxtase, encontramos sempre o nosso lugar e terminamos o dia envolvidos por uma espécie de felicidade e paz confortáveis e tranquilas enquanto bebemos um chá ou uma cerveja com uma amena conversa sobre a vida, os amigos e o futuro.


Um adeus ou um olá quando são precisos                         ...                              Tranquilidade


Estado de espírito!

Gosto de Hanói e dos seus cidadãos, é uma cidade aberta, de mistura de culturas (vietnamita, chinesa, francesa), de mistura de modas e edifícios, entre estilos e línguas muito próprias.

Charme de Hanói (parte 2)

BOM FIM DE SEMANA :)