terça-feira, 8 de maio de 2012

Tudo o vento trouxe e tudo o vento levou!

"Um, dois, três, empuuuuuurraaaa! Outra vez, andou pouco desta vez, mais uma vez, vá lá! Um, dois, trêeeees, empuuuuuurraaaaaaa!!!" Ao fim de várias tentativas a empurrar, finalmente o grande evento: o barco do Mac  flutuvava, podíamos ir explorar as grutas e enfrentar a monção a partir do mar :D

Olá a todos mais uma vez. Bem sei que estive ausente por muuuuito tempo, mas vão ter de me perdoar. Viajar é, como já disse muitas vezes, perdermo-nos em nós, nos momentos e nas pessoas que nos cruzam, pois bem, nestas últimas duas semanas perdi-me completamente em tudo o que me envolveu. Bom não é bem perder porque estive sempre consciente de mim e de tudo à minha volta, mas não tive nenhum plano específico, apenas flutuei literalmente ao sabor das marés, dos ventos, das ondas, da monção, da vida! Não tenho muitas fotos pois as chuvas intensas e a pouca vontade fizeram com que deixasse a máquina quase sempre em casa.

Bangkok: Por caminhos imprevistos e imprevisíveis.

Passo a explicar, de Chiang Mai fui para Pai, onde estive cerca de 4 dias, após esses dias de passeios, descanso e boa vida, decidi que o mar não podia esperar mais. Por isso rumei num autocarro nocturno em direcção a Bangkok de onde apanhei o primeiro comboio nocturno para uma cidade com o nome de Trang no sul da Tailândia. Dai segui na primeira mini-van que vi para uma aldeia pescatória que se chama Had Yao! Sem saber como nem porquê neste fim do mundo, onde jamais pensei estar antes, um novo mundo se abriu.

Chiang Mai: Wat Sadoe Muang

Momentos em pensamentos :)

Quando pensei na viagem, o meu único objectivo para o Sudoeste asiático era viver com pescadores no delta do rio Mekong, no sul do Vietname, ora isso não aconteceu por diversos motivos, mas aconteceu outra coisa: vivi numa comunidade de pescadores no sul da Tailândia. Conheci pessoas fantásticas, não fui à pesca mas pude comer côcos directamente apanhados de coqueiros, peixe fresco do mar, praia e mar sem fim, pude usar um pouco mais do meu horrível tailandês para tentar comunicar e foi uma semana fora de série. Conheci ainda um canadiano de nome Mac que estava de férias neste local, onde já vem há cerca de 20 anos; um grupo de estudantes americanos que ali estão a desenvolver um projecto de sustentabilidade e desenvolvimento por 6 meses; um grupo de professores ocidentais e ainda a Cissé, uma francesa que passou as férias na Tailândia durante o mês de Abril e que ruma a França nos próximos dias e que foi a minha companheira de explorações sem fim por esta costa belíssima, com praias secretas, esconderijos de piratas, águas quentes, estradas fáceis de percorrer em scooter, enfim, uma catrefada de aventuras.

Had Yao: Praia em frente à minha cabana

Côco todos os dias? Não, mas quase! Bela água :P

Quais as probabilidades de no fim do mundo encontrar tudo o que se procura? Há uma recompensa em cada acto, em cada gesto e palavra que dizemos, há um momento em que tudo volta a nós para nos enriquecer e nos elevar. Nesse momento de plena felicidade por sermos nós e sermos completos, tudo faz sentido e tudo vem na medida duas vezes superior há medida com que nos entregámos ao mundo. No fim do mundo que procurei e onde por acidente me encontrei, começou um novo mundo que explorei com todo o meu ser. No princípio da minha volta ao mundo terminou um mundo de hipóteses e sentidos, começou com um salto para o escuro, para o desconhecido, um novo mundo que estou a viver e a descobrir. Mundo que me torna mais consciente, mais próximo da natureza e do homem, mundo que me faz mais forte e mais convicto que todos somos fundamentais neste universo de possibilidades, diferenças e energia. Com uma simples vontade, criei um gesto, um movimento que nada nem ninguém pode parar. Uma acção que permitiu muitas outras acções desenrolarem-se em paralelo e que me permite encontrar nos horizontes que cruzo um final dum mundo novo, onde outro mundo se abre em ampla perspectiva e sem julgamento. A vida é para ser vivida e não contida! É para ser uma busca interior de quem somos e onde devemos ir. Não há rumo certo nem paz certa, há sim um momento, um local, uma ou mais pessoas, algo que vem ao nosso caminho e que nos faz sentir bem, plenos um momento em que tudo faz sentido. É ai, nesse espaço e tempo que devemos ficar enquanto tudo faz sentido. Depois, bom depois é outro salto, braços abertos, olhos abertos, coração aberto e todo um leque de caminhos e opções; todo um mar de ondas com maior ou menor período onde os sobe e desce da vida assentam perfeitamente.

Do outro lado do monóculo as coisas são o que são, não o que aparentam ser! Nada como explorar o outro lado, descobrir a imagem toda :)

Tailândia, terra de contradições, de corrupção, de esquemas internacionais. Terra de sorrisos gentis, mulheres bonitas, praias e montanhas únicas, monções e ainda assim do cumprimento mais terno e doce de sempre!

Adeus Tailândia, olá Malásia! 

7 comentários:

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    1. ahaha Obrigado André :D agora estou quase de partida da Ásia após 7 meses para breve mais notícias :)

      Abraçoooo ;)

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  2. "Com uma simples vontade, criei um gesto, um movimento que nada nem ninguém pode parar" O(∩_∩)O哈哈~Always keep moving^_^

    "Não há rumo certo nem paz certa, há sim um momento, um local, uma ou mais pessoas, algo que vem ao nosso caminho e que nos faz sentir bem, plenos um momento em que tudo faz sentido."
    Ontem conheci a Wenqi num bar Árabe onde estava um grupo de CouchSurfers com uma xixa no centro a rodar pelas mãos de todos. Cada um deles com um destino diferente e uma razão diferente para ali estarem (desde o Australiano que vive há 2 anos na China para aprender a tocar a harpa chinesa cujo nome não me lembro, ao Alasquiano que veio ensinar Inglês para a China e que estava de passagem por GZ para obter o visto para a Rússia para depois viver na Europa, desde a Macaense que viveu desde os 9 em Sintra e que está a cá a trabalhar como dentista, ao Sueco, ao Espanhol, às restantes GZhounesas que não deu tempo para conhecer)... Provavelmente ainda vou encontrar parte deste grupo neste fim de semana em Zuhai, outros já terão partido para as suas aventuras, mas senti-me exactamente como descreveste: 很好 y tudo fez sentido! =D

    再见!

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    1. Beeem estou a ver que já começas a dominar o Cantonês ou é o Mandarim? :P Que bom saber que se encontraram e que tudo corre bem :D Manda beijinhos meus a ela em particular :)

      Sempre "Just keep moving!" É engraçado a forma como cada um de nós seguiu à sua maneira ... :)

      Grande abraço,

      Nuno Cruz

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  3. Que bonito Nuno! E que bom é ler a plenitude de espírito nas tuas palavras, do outro lado do globo ;)
    beijinhos e boas descobertas**

    Bárbara Mendes

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    1. Aloo :) Obrigado e vai dando notícias!!! :D Beijiiiiinho :D

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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