quarta-feira, 4 de abril de 2012

China: a contagem final!

Ni hao! Tenho de descobrir como se diz isto em Cantonês pois é a linguagem destas bandas! Todavia em Macau também se fala Português e por isso não é crítico eheheh :D

Venho então deixar-vos o meu último comentário sobre a minha ideia da China.

É sem dúvida um país em crescimento. Há 20 anos a China era como a Índia ainda é hoje em dia. Todavia uma série de reformas, de restrições de liberdades e de burocratização e centralização trouxeram a China ao pedestal em que hoje se encontra. As pessoas parecem felizes e têm razões para o ser pois o dinheiro flui de todos os lados. O mercado interno é de longe o maior do mundo e por isso qualquer ideia ou qualquer negócio tem um público alvo suficiente largo para enriquecer quem implementa essa ideia ou negócio. A verdade é que dizem que por dia um novo milionário aparece na China. Todavia não se diz que estes milionários ou eminentes ricos, pertencem à classe média maioritariamente e dependem de contatos que estabelecem para realizar negócios.

O estabelecimento de uma rede de contatos é a forma como se realizam os negócios na China, quem não tem contatos está fora do mundo empresarial seja ele qual for. Os ricos e os novos ricos procuram poder e mais dinheiro e a quebra da palavra, de casamentos, de associações é algo comum. Da mesma forma que também é comum muitas destas redes servirem de rampa de lançamento para alguns e serem bastante permissiva à corrupção. Há de tudo! Há até uma diferença grande para, por exemplo os EUA, aqui quem tem carro ou telefone ou casa de luxo, tem efetivamente tudo isso em sua posse por contraste ao que muita gente nos EUA onde são os bancos que detêm estes produtos visto que todos recorrem ao crédito lá e aqui é a pronto que se compram as coisas. Vive-se bem e com conforto se se pretender isso e é inegável que há segurança e não se sente nenhum clima hostil ou de desconforto nas zonas por onde andei neste país.

Assim é natural que nesta China o velho seja constantemente substituído pelo novo, estradas, pontes, água canalizada, eletricidade, cidades no meio do nada, prédios altos, avenidas largas, monumentos reconstruídos (a maior parte foram destruídos pelas políticas do tio Mao), centros comerciais caros e com tudo o que há de últimas modas, com uma população de maioria da etnia Han e com um Mandarim simplificado cada vez mais implementado, exemplos de boas condutas e de quão tudo o que se está a fazer é bom na televisão por exemplo.

Foi junto dos que têm menos dinheiro que encontrei uma alegria e uma harmonia, ainda que perversa pois muitos têm vidas duras. Entre jogos de cartas ou xadrez Chinês; entre gritos de movimentos nas jogadas e risos nos finais dos jogos; entre o constante praticar de uma qualquer atividade física num jardim, espaço público aberto ou em casa (danças, cantorias, kung fu, etc); entre as viagens de bicicleta através das largas avenidas das cidades ou dos transportes públicos; entre os bairros velhos que ainda conseguem sobreviver (hutons), vi uma China que luta por manter algum do seu tradicionalismo ao mesmo tempo que é impelida a ser algo de novo e em constante recriação.

Permanece em mim todavia a ideia da ilusão que lá se vive sobre as vantagens de se ter dinheiro e poder ter tudo, menos a verdadeira felicidade no poder da palavra e da expressão sem repressões, no poder de decisão de forma independente! É portanto a contagem final para um mundo novo, esperemos que não a consumação de um "Animal Farm" ou um "Brave New World" ;)

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