segunda-feira, 23 de abril de 2012

10 dias em Chiang Mai

Bom título de livro hum, especialmente porque nestes dez dias tudo o que é preciso para escrever um livro eu vivi!

Põr do sol, pôr do desejo

Passo a explicar, cheguei aqui para me encontrar com a Sara e Margarida, que são aquelas duas personagens que criei aquando estive na Índia, e que agora encontrei completamente por acaso numa rua em Banguecoque quando andava nas segundas guerras aquáticas. Assim aqui vim eu ter a esta pacata cidade de Chiang Mai onde era para estar apenas 4 ou 5 dias e acabei por ficar por 10 dias!

É natural rir por estas bandas!

Tempos diferentes, direcções diferentes.

Por exemplo outras personagens são: um brasileiro de nome Blu que toca guitarra e é chef, um espanhol de nome Abraham que é hippie e viajante por 1 ano e meio; um casal de espanhóis, Hector e Maria, que está a viajar por um mês na Tailândia depois de viajar dois meses nas Filipinas; a Sara e a Margarida; uma brasileira de nome Fernanda que após 4 anos em Dublin está a viajar para se reencontrar; uma escocesa de nome Suzie que veio de férias para fugir ao stress de Glasgow; uma inglesa, Rachel, que está há cerca de 18 meses a viajar e a tentar voltar ao mundo jornalismo; um americano, Tim, que está a viajar á volta do mundo para o conhecer e é um mecânico e filósofo; um tailandês de nickname June que saiu da sua terra natal para vir para esta em busca de trabalho e que me tem ensinado Thai; e muitos outros internacionais e nacionais. que se foram connosco cruzando!

Ressalta as aventuras, o ambiente de calor, humidade, noite, relaxamento nas massagens que tudo misturado cria um cokctail único de emoções, experiências e momentos, contidos em apenas um quarto da cidade e algumas zonas em redor. Desde os templos isolados nas montanhas, até ao lago onde os locais vão no fim de semana, passando ainda pelas ruas onde as motos e os vendedores se cruzam com bicicletas, turistas e locais, tudo está em movimento, tudo passa por nós e após ficar uns dias segue viagem, enfim a vida em movimento enquanto nós próprios nos movemos interiormente ...

Quotidiano 1

Ruas movimentadas.


Budas e budas :)

 Quotidiano 2

Atenção é importante.

Sou como uma brisa que passa por onde ninguém me vê, mas sempre presente :)

Idade? Não isso é tudo mental ...

Savadii crap

Os monges também jogam na lotaria :)

Oferendas ...
 

Quotidiano 3


Quotidiano 4

 PAZ

Parques aquáticos para quê com tantas cascatas e piscinas naturais?



Vou juntar isto tudo e quando tiver escrito aviso :P Até lá aproveitem as imagens e a vida como ela é e como queremos que ela seja. As pessoas com que me cruzo e que estão a viajar, que já viajaram ou estão a viver num local me apontam o mesmo, quando regressas a casa para te orientares tens de fazer o que realmente amas e te faz feliz, se não esquece, é difícil! De qualquer forma as experiências que tenho tido me apontam uma busca constante de mim em mim e de mim pelo mundo.


Fruta estrela


Como vêm há tudo para escrever um livro, uma personagem principal com dúvidas, caminhos a percorrer e experiências; personagens com fartura e estórias fortes, uma cidade para os colocar todos juntos, momentos e discussões à volta de diferentes aspectos e por ai fora! Agora só falta descobrir o estilo ahahahah


Até mais logo!!!

sábado, 21 de abril de 2012

O Mostrengo

O mostrengo que está no fim do mar
Na noite de breu ergueu-se a voar;
À roda da nau voou três vezes;
Voou três vezes a chiar,
E disse: "Quem é que ousou entrar"
Nas minhas cavernas que não desvendo,
Meus tectos negros do fim do mundo?"
E o homem do leme disse, tremendo:
"El-Rei D. João Segundo!"

"De quem são as velas onde me roço?
De quem as quilhas que vejo e ouço?"
Disse o mostrengo, e rodou três vezes,
Três vezes rodou imundo e grosso,

"Quem vem poder o que só eu posso,
Que moro onde nunca ninguém me visse
E escorro os medos do mar sem fundo?"
E o homem do leme tremeu, e disse:
"El-Rei D. João Segundo!"

Três vezes do leme as mãos ergueu,
Três vezes ao leme as reprendeu,
E disse no fim de tremer três vezes:
"Aqui ao leme sou mais do que eu:
Sou um Povo que quer o mar que é teu;
E mais que o mostrengo, que me a alma teme
E roda nas trevas do fim do mundo,
Manda a vontade, que me ata ao leme,
De El-Rei D. João Segundo!"

Fernando Pessoa em "Mensagem"

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Caravelas tailandesas :)

Acordei ainda meio perdido entre o som da ventoinha sempre fiel e o calor sempre presente!

Banho tomado, mochila arrumada, desci para o pequeno almoço. Fado, sim oiço fado por entre os barulhos matinais de gente que passa para as suas vidas diárias, por entre conversas matinais em tailandês e as campainhas das bicicletas. A música ecoa triste, aguda, cantada e ritmada por mim como quem barra o pão da manhã. 

Estendi-me sobre Lisboa, olhei a costa do castelo que se erguia esguiça e frágil dos escombros humanos e misturados da mouraria até alfama. Oiço fado aqui longe, no meio das montanhas Tailandesas enquanto como um pequeno almoço típico das férias entre um sa wat dii chrap e um tchou dii ... Não estou só, o cão pequeno e  farrusco veio fazer-me companhia e de repente estou simplesmente nas montanhas a tomar o pequeno almoço, de repente toda a música antes triste passou apenas a ser fado e não o conto de fadas ou gemidos de guitarras que se propagam pela alma, pela vida, pelo sentir!

Um sorriso, um abraço sentido com o olhar é-me endereçado pelo casal meu amigo espanhol! Ala que se faz tarde mais um dia de conquistas interiores, mais um dia de vigilante modo de estar e sentir! Vamos que o dia é longo!


Agora saio e apenas fica de mim a música que é minha, que é do meu povo e que banha e brinda todos quantos por aqui passarem: " ... cada vez mais português ..." cada vez mais em casa no mundo com ou sem fado, construo neste rio corrido, a cada dia que passa, um mundo novo!

Bom dia :)

terça-feira, 17 de abril de 2012

Sà wàt dii Thailand!

Estou na Tailândia sim! Acabei por vir aqui para viver o festival da água e acabei por vivê-lo indeed!!! ahaahahah já a full moon party, como vim a perceber, só ocorre quando há, adivinhem! Sim isso, uma lua cheia por perto :P ...

É algo de indescritível este festival, mas vou tentar!

Então, imaginem quando são pequenos e andam com uma pistola de água a molhar pessoas hum! Agora imaginem que essas pessoas em vez de se chatearem com vocês vos mandam um balde de água ou respondem com uma arma de água ainda mais potente, está? Continuando, até agora foi simples na? coloquem milhares de pessoas à vossa volta, já está? Agora adicionem as barraquinhas e o ambiente que se vive em, por exeeeeeemplooooo Lisboa nos Santos Populares!!! Sem santos que vos safem de serem molhados! Em cima de tudo despejem água até não conseguirem mais segurar uma mangueira ou disparar a arma que têm porque têm os dedos roxos de tanto exercício, conseguiram? Para terminar imagem os baldes pequenos da praia, aqueles que usamos para fazer castelos e cenas assim, e coloquem uma pedra de uma espécie de pasta que desfazem com água lá dentro e depois colocam na cara, roupa ou onde calhar nas outras pessoas porque passam, como forma de benção!

Já está? Sim! que bom!!! PAraBéNs pois acabaram de viver também o festival da água! É assim por toda a Tailândia e segundo tenho lido nalguns blogues de amigos um pouco por todo o mundo Budista eheheh

Vá para ajudar deixo algumas imagens também ;)


Começa como termina, molhados!

Thai girls random selection part 1

Esperam por nós nas ruas, como bandos de pardais à solta ...

Dispara-se por tudo e por nada, mas nenhum disparo fica sem resposta!

Yeeeey, vou-te abençoar :)

Gente, gente e mais gente ainda ... aqui até era uma zona calma ...

Este puto era o exterminador, não parava por nada, só mesmo para recarregar a arma :P

Gun or water? Buy one or get weeeeeeet ...

É que é mesmo sem remorsos ou problemas, toma lá com o balde ehehehe

Thai girls random selection part 2

Thai girls random selection part 3

Pôr do sol de um dos edifícios mais altos de Banguecoque!

Entrada e saída mais fixes de sempre de um supermercado :D

A minha Banguecoque resume-se neste momento só e apenas a este festival! É impossível andar pela cidade sem ser molhado por isso a máquina fotográfica teve de ficar em casa e muitos locais estavam interditos a serem apreciados sem estar a pingar água ou com um tom novo na cara ou na pele, ou na roupa devido à pasta. Foram dois dias de festa, "molhadices" (molhar e ser molhado) em batalhas campais inesquecíveis! Enfim miúdos, graúdos todos envolvidos em uma coisa e uma coisa só: molhar!

Agora estou em Chiang Mai no norte da Tailândia e nos próximos dias ou semanas vou andar pelas montanhas a explorar as tribos locais, as paisagens e este povo que parece gentil, hospitaleiro e amigável como tenho comprovado até agora nesta curta estadia por estas bandas!

O plano da viagem vai-se alterando, devia estar no sul, estou no norte! Andar para Norte para ir para Sul, andar para Oeste para ir para Este parece que se vai aplicando comigo ... vamos ver como correm os próximos dias ... entretanto vou conhecendo gente, vou vivendo a viagem em pleno e agora volto ao registo de viajante que vai contrastar com o registo de party animal das duas últimas semanas em Macau, Hong Kong, Singapura e Bangkok.

Bom, tempo para ir para a minha lição de Thai com a menina do stand de aluguer dos barcos :P estou a ver se aprendo algumas coisas para poder comunicar mais com as pessoas, porque vale mesmo a pena. Sinto aqui o que vivi no Irão onde se falar com as pessoas recebo um sorriso gigante e horas de convívio brutais! Por isso se conseguir dizer palavras na língua local consigo estabelecer contacto e bons momentos muito mais facilmente! tentem, vale a pena ;)

Por agora, e para terminar, deixo a imagem que resta destes três loucos dias! Um quarto vazio, uma cama por fazer, uma arma colorida e mais um espaço que deixo vazio de mim, mas cheio de boa energia!



Pom mín quam suk!

domingo, 15 de abril de 2012

Buyaaaaah :D :D :D

Singapura é uma mistura de civilizações!

Crianças ao pé de casa (da Sara, Ana e Joana)

Pagoda Budista no jardim Chinês

Little India

Little India

A new future se eleva (é o Penglish em Singapura existe o Singlish ahaha)

Vendedor de livros Singapurano

Edifício com o barco (cujo nome não sei) em Marina Bay.

Posições e exposições ;)

Centro financeiro visto à distância

Desde a "Little India"; passando pela "Chinatown"; a "Arabe Street" e respectivo distrito; o centro financeiro com arranha-céus; os museus que se encontram na área das grandes casas coloniais com estilo victoriano britânico ou ainda misturadas com a arquitectura do Sudoeste Asiático e Chinês; as ruas e avenidas largas; a ordem e lei que se respeitam sob pena de pesadas multas e muito controlo; fazem com que em Singapura se viva num ambiente saudável e propício à multiculturalidade.

É comum passar por casais de ocidentais, dizer olá a um indivíduo que parece malaio; sorrir a um indiano que de forma tão característica sorri de volta enquanto mexe a cabeça de forma inocente; tirar uma fotografia com uma rapariga do Myanmar;

cruzarmo-nos com duas mulheres com véus e chapéu de chuva aberto por cima da cabeça para proteger do sol, enquanto uma indiana de sari cruza a rua onde um chinês vende qualquer coisa numa das mil e uma lojas de quarteirão que contrastam com os fatos e vestidos de estilo ocidental na área financeira. Existem ainda os "food courts", os centros comerciais de cada zona étnica, mais os misturados e os grandes "shopping malls", aqui há tudo e tudo há! O clima é o único que não tem ajudado ao manter uma humidade altíssima que faz com que se sue ou ande molhado quase o dia todo e o ar condicionado em todos os sítios seja frio e geralmente bem vindo! As nuvens trazem chuva intensa e trovões acompanhados de intensos e visíveis raios. O sol anda tímido e quando aparece é para aumentar a temperatura que, coitada, já é alta por si só ... Enfim um clima agressivo que faz as pessoas se vergarem à sua natureza selvática. Singapura existe desde sempre e isso está bem relatado no museu das culturas asiáticas que é muito bom e completo. A filosofia inglesa do pragmatismo está lá e as coisas funcionam de forma exemplar!

Boris, o cão da malta, a fazer acrobacias no metro ... :P

Stay safe :D

Por último, e como em todo o lado, nas ruas, ruelas, metros e afins as pessoas passam, não a correr como em Hong Kong, agarradas aos telemóveis como lá, mas mais calmas, mais serenas, mais abertas, pelo menos é o que senti, embora nem todos tenham sido assim como em qualquer lugar. Todavia até agora estou a gostar muito, não fosse o clima e os preços altos era bem bOm ... Mas a companhia da cátia, da Sara, da Fei, e apesar de menos tempo da Ana e da Joana, têm fazido esta passagem por Singapura única e o melhor que me podia ter acontecido depois de Macau onde de facto me reencontrei com a viagem ao matar grande parte das saudades que tinha de casa! 6 meses and counting, i am here to stay, segue-se a Tailândia para o festival da água (Sangrot) e o festival da lua cheia e depois a Malásia e a Indonésia! Vamos a isso, vamos a isso que o barco está a zarpar ... :D
Caractere Chinês para casa.

Atéee jáaa

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Macau um dia.

Museu Marítimo de Macau: Nau (versão 2.01) quinhentista.

As ondas estilhaçam-se contra o casco do navio, somos empurrados para todo o lado, mas fielmente seguimos o curso traçado entre as ilhas e ilhéus em busca daquele paraíso perdido tão cantado em cartas e livros idos. À minha volta um sentimento de expectativa e angústia cresce, seja por nos aproximarmos de Macau, seja por o mar estar revolto. Mas a pouco e pouco lá vem uma camada de confiança que nos cobre e permite realizar o último esforço. Atracamos finalmente após quase duas horas conturbadas, as pessoas começam a sair em catadupa para o porto que agora existe. Antes os barcos ancoravam ao largo e grandes botes carregavam bens e pessoas até à praia onde uma mistura de comerciantes vinha prontamente tentar levar os tão necessários bens para as suas fazendas, casas, fábricas, enfim para manter o seu negócio.

Museu de Macau: Recriação transporte e compra/venda de produtos em Macau.

Mercadores com longas vestes de seda verde, chapéus pequenos e pontiagudos negros como o carvão e grandes colares cunhados  com a informação sobre o seu negócio, marcados por um olhar aguçado e um bigode fino e comprido, um regateador nato que discute com outro mercador vestido numas botas de cabedal brilhantemente tratadas, que se encontram no final de umas ceroulas amarelas e de um casaco verde e uma espécie de gorro vermelho. Um pavão, por outras palavras, que através da sua extravagância e por entre a barba e comprida e esbranquiçada de tantas viagens marítimas, tenta, com os seus olhos negros e profundos, convencer o cantonês das qualidades da sua mercadoria. À volta deles a vida segue normal, os outros comerciantes fazem negócio, os cantoneses carregam as mercadorias dos seus senhores ou mestres, as donzelas são escoltadas pelos seus pretendentes até aos papás que ansiosamente esperavam por tão preciosa carga. Os padres Jesuítas evangelizam ali mesmo os recém chegados e tentam roubar mais uns quantos infiéis que se encontram a rezar à deusa A Má no templo dos navegadores a ela dedicado junto à praia. Já os soldados apenas olham de quando em vez para verificar se há distúrbios enquanto lançam os dados numa demanda de sorte e mais uns reais para gastar em bebida e raparigas locais logo à noite.

Museu Macau: Recriação das primeiras trocas comerciais com o Oriente.

Entro também eu neste mundo e sigo pela estrada principal ao longo da costa até ao centro da cidade onde as calçadas de pedra portuguesa, as ruas com casas de fachada mista entre um estilo português tradicional nas portadas e arquitectura típicas do alentejo por exemplo e alguns traços mais orientais, como os potes e imagens esculpidas que se podem encontrar ao longo de algumas janelas e portas a par das gaiolas em madeira trabalhada onde pássaros estranhos cantam, dão um brilho único e uma cor e sons diferentes a esta atmosfera multifacetada. É uma mistura entre o Ocidente e o Oriente, onde por estas ruas apesar de tudo tão portuguesas se podem ouvir os apregoadores no seu cantonês, os sons misturados de rodas e vozes por entre os gritos dos pregões que tudo suprimem à sua volta. Os potes de barro onde sopas e chás se aquecem deixando sair livremente uma linha de fumo e cheiros que se imiscuem no ar e atraem qualquer um. Eu misturo-me em tal atmosfera com a humidade e o calor presentes e começo a suar. No barco ao menos o vento livrava-nos desta praga, como afastava também a maioria dos mosquitos que por aqui voam livremente.

Ruas e ruelas que são as nossas sequelas.

A cidade não é grande, facilmente se anda para e por todo o lado com a constante de se passar por velhos que jogam cartas e xadrez chinês, jovens que carregam bens para as mercearias ou para casas mais ou menos abastadas. Crianças que correm semi nuas por entre as pessoas em brincadeiras e gritarias esforçadas, mulheres que das janelas negociam com os pregoeiros(as) o que estes tentam vender enquanto param a costura que tão dedicadamente praticam nas horas de prisão em casa enquanto o marido anda em aventuras marítimas, comerciais ou indiscrições por lupanares afins.

Encontro um albergue com comida e dormidas, num sótão vou estabelecer-me por uns tempos e ter como companhia a mesa longa, a cama com um colchão duro de folhas de bambu e ainda uma bacia para me lavar. Pouca coisa nesta casa já antiga e de pé direito baixo ... amanhã exploro a parte oriental da ilha onde o sal e as ostras estão guardadas para produzir algumas das riquezas que daqui se levam para o mundo a par de tudo o que aqui passa proveniente dos cantos mais remotos do império. Talvez um dia se aposte a sorte destes terrenos em locais de jogo pois parece que todo o mundo se cruza aqui!

Os mundos são sempre coloridos, mesmo quando se encontram!